segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Rosas

   

Regina Moreira Rodrigues – Cejarteana

Palestra proferida em 24/05/2000

 

 

1. Origens e Evolução: Há uma ideia um tanto disseminada de que as roseiras são provenientes da China. Isto é verdade e também não é. É verdade porque a China é a região de origem de uma considerável variedade de tipos de roseiras. Mas a ideia pas­sa a ser enganosa quando se admite que a China seja a única fonte de origem das roseiras.

De fato: muito antes do homem existir sobre a face da Terra, as roseiras já eram habitantes do planeta. Com efeito, há registros que atestam a existência das roseiras há 35 milhões de anos atrás. E elas constituem uma espécie que habitava - e ainda habita as regiões que hoje conhecemos como Japão, China, Ásia Central, África do Norte, Europa e América do Norte.

            Não conhecemos registros arqueológicos de roseiras no hemis­fério Sul. Pode ser que com o tempo isto venha a ocorrer. Mas convém ter em mente que as massas de terra em clima temperado no hemisfério Sul são muito reduzidas comparadas com o Norte. Como se verifica, trata-se de uma espécie originária exclusiva­mente do hemisfério Norte, em suas regiões de clima temperado. As notícias registradas na história humana a respeito das rosas e roseiras, especialmente de seu cultivo e utilização pela humanidade, são bastante vagas e esparsas. São vagas porque somente apare­ceu uma classificação dos vegetais no século XVIII, com Linnaeus. E esparsas porque os registros perderam-se nos tempos.

            De toda a sorte, há registros de cultivo da planta nos últimos 2.000 anos que indicam que o cultivo, tal como a civilização, irra­diaram-se da Pérsia e Oriente Médio (Egito, etc.) para a Grécia, daí à Roma e assim para diante. Na Grécia antiga as rosas eram cultivadas e utilizadas mais no sentido de se fazerem óleos aromáticos e a poetisa Sappho (600 a.C.) já fazia referência às rosas como sendo as "Rainhas das Flores”.  Supõe-se que fosse uma variedade das Rosa Gallica (ver­melhas), originárias da região europeia. O historiador Herodotus, 150 anos após Sappho, faz referência aos jardins de Midas, nos quais havia rosas com 60 pétalas e um aroma mais doce do que tudo que havia no mundo. Num tratado sobre plantas, Theophrastus (300 a.C.) já registra a importância da poda e fala em flores com 100 pétalas. Figuras de rosas aparecem em várias moedas da antiguidade (Rodes, por exemplo), o que atesta a importância da flor naquela civilização.

            Os romanos, como todos sabem, foram herdeiros da civiliza­ção grega e assim também possuíam o hábito do cultivo da rosa. Consta que empregavam a rosa também como ornamento. Che­gavam a importar rosas da África do Norte, pois estas abriam mais cedo, oriundas de clima mais quente. Descobriram logo que regando as plantas com água aquecida (aquecimento do solo) fa­ziam desabrochar as flores antes. Com isso a África deixou de ser fonte de suprimento. Com o fim do Império Romano e o advento da Idade Média, os monastérios vieram a ser o centro de cultivo das rosas, que passa­ram a ser empregadas sem a extravagância dos tempos de Roma. mas principalmente para efeitos medicinais e tônicos vigorativos. Mas não podemos deixar de acreditar que se empregasse a rosa também para ornamentar altares e locais de oração, tamanho o significado desta flor na simbologia cristã e no Evangelho.

            O desenvolvimento decisivo do cultivo da rosa vem a partir do século XVIII, quando na Europa, começam-se a introduzir as ro­sas da China e a misturar com as europeias. A China vem a ser a região mais rica de variedades de rosas selvagens. Como tem uma civilização mais estável por mais tem­po, o cultivo da rosa era mais constante e estável naquela região. As rosas chinesas começam a chegar à Europa com profusão por volta do ano de 1750, oriundas de viveiros e “estufas” de Fa Tee, nos arredores da cidade de Canton (hoje Kwangchow), ao fundo da baia do rio Pearl (Hong Kong e Macau). Eram trazidas à Europa regularmente, através de pedidos comerciais como se faz hoje, sem maiores dificuldades.

            A grande vantagem das roseiras chinesas sobre as europeias é que davam flor em cada broto, ao passo que as europeias só no primeiro broto da estação e daí em frente os demais brotos eram cegos. Além do mais, as roseiras chinesas cresciam e mantinham-se em todas as estações, ao contrário das europeias, que só davam flores uma vez, como vimos - apenas no verão. Tanto assim que havia rosas chinesas apreciadíssimas pela regularidade de florações e quantidade. Dentre elas destacava- se a Old Blush, também denominada Monthly Rose ou Commom Blush China. Além do mais, as roseiras da China possuíam uma folhagem acetinada, iridescente e com vários matizes de cor, além de suas flores apresentarem um aroma complexo e delicado. Dessa finesse aromática estas rosas tiraram a denominação de “TEA SCENTED CHINA ROSES”, que mais tarde foi abreviada para tea roses, a origem das modernas Hybrid Tea Roses.

 


2. Roseiras Modernas: No início do século XVIII, havia na Europa basicamente três tipos de roseiras: Gallicas, as roseiras da antiguidade mais difundidas; Damasks, que eram gallicas mais esmaecidas e de crescimento arqueado e Albas, que formavam arbustos densos. Como já dissemos, davam flores somente no ve­rão, possuíam fragrância bem definida e suas cores eram verme­lha, branca e cor-de-rosa.

            Após a introdução das rosas chinesas e seu cruzamento com as europeias, aparecem os resultados mais exemplares, que são as denominadas Noisettes, Bourbons Portlands.

            Já no começo do século XIX aparecem as rosas perpétuas, assim denominadas pelas suas floradas continuas. Os cruza­mentos entre estes tipos, as Bourbons e as rosas de chá dão a variedade Hybrid Perpetual (Híbridas Perpétuas), com flores magníficas, o que faz por popularizar e difundir ainda mais as roseiras.

            Com o aprofundamento da influência das rosas chá e graças ao trabalho de viveiristas (hibridizadores e cultivadores) franceses e ingleses, fixa-se no final do século XIX a variedade Hybrid Tea, que será a de maior destaque no século XX, passando a ocupar o trono de rainha entre as rainhas.

            De inicio as híbridas de chá não possuíam cor amarela, pois as rosas europeias e chinesas não ostentavam essa coloração - algumas eram cor de abricot ou tons esmaecidos do amarelo, mas nada da cor amarela. Esta cor tão desejada foi encontra­da em roseiras oriundas da Pérsia, introduzidas na Europa por volta do ano de 1837. Eram as roseiras R. foetida, ou Austrian yellow, com flores de 5 pétalas, vindas da Turquia e do Afeganistão. Assim, no ano de 1900, como que para saudar o século XX, um hibridizador cultivador europeu, Joseph Pemet-Ducher, por acaso, conseguiu a primeira Híbrida de Chá amarela (cru­zamento de uma Híbrida Perpétua como a Persian Yellow) , que recebeu o sugestivo nome de “Solei! D’Or”.

            Daí para a frente, os avanços e os variados tipos de híbridas de chá não pararam de crescer, podendo ser apontados alguns desta­ques: 1867 (1 HT, La France, cor-de-rosa), 1900 (Solei! D'Or), 1912 (Ophélia), 1924 (Shot Silk), 1929 (Mrs.SamMcGredy), 1942 (Mine. Meilland ou Peace)1946 (Ena Hark ness), etc. 

            Dentre alguns dos mais notáveis viveiristas (breeders), pode­mos destacar: Francis Meilland (francês, criador da Peace e a quem se deve o fato dessa profissão ser reconhecida e os direitos de criação protegidos como direitos autorais), Wilhelm Kordes (alemão, Crinson Glory), Albert Norman (inglês, Ena Harkness), Sam Mc Gredy (irlandês, Picasso), Patrick Dickson (irlandês, Grandpa Dickson ou Irish Gold), Niels Poulsen (dinamarquês, Chinatown e introdutor das Floribundas por volta de 1924), Matias Tantau (alemão. Prima Ballerina, SuperStar, etc.), Reimer Kordes (alemão, filho do Wil., Peer Gynt), Herbert Swim (US, California, Sutters Gold), Louis Lens (belgaPascali), etc.

Além das hibridadas de chá, outras variedades hoje em dia muito disseminadas e aceitas: floribundas (HT mais polyanthas, com a variedade “florib. HT”), polyantha pompons, Wichuraiana Ramblers Climbers, Climbing sports de HT e de Florb., Climbing HT, Arbustivas, etc.

            Também há o interesse no cultivo de rosas antigas (anciennes)...

 

                                                           Boletim "O Regador" - nº 44.

 


Curiosidade: A Rosa na Política

Na Guerra das Rosas , de 1453 a 1487, a Casa de York - representada por uma rosa branca, travou uma luta contra a Casa de Lancaster - representada por uma rosa vermelha, pelo trono da Inglaterra. A paz finalmente chegou e as duas casas uniram-se quando Elizabeth de York casou com Henry Tudor, de Lancaster. A rosa Tudor, também conhecida como Rosa de York e Lancaster, tornou-se então o emblema da Inglaterra.



Cores das rosas e seus significados:

amarela: amor incondicional, lealdade, amizade, alegria e fraternidade

azul: amor profundo e espiritual, sentimento de transcendência e harmonia

branca: inocência, pureza, paz e humildade

champanhe: admiração, simpatia, elegância e graciosidade

rosa-escura: gratidão, delicadeza, afetividade e sensibilidade

rosa-clara: simpatia

vermelha: paixão, energia, determinação e força

laranja: entusiasmo, desejo, discernimento e foco

vermelho-amarelada: jovialidade

coral: imaginação e idealização

tons-pálidos: amizade

verde: esperança, vitalidade e equilíbrio

violeta: serenidade, autodomínio, dignidade, nobreza de caráter e conexão espiritual

pretas: separação, tristeza e luto 

cinzentas: passividade, frieza e racionalidade

 

Fontes: Rosas – Guia Prático, Editora Nobel

              www.greenmebrasil.com


NotaTodas as rosas das fotos são cultivadas pelas Cejarteanas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário