quarta-feira, 29 de junho de 2022

Passeio Público de Curitiba



 


            Inaugurado em 1886, completou 135 anos em 2021, sendo o mais antigo parque recreativo de Curitiba. Foi batizado de “Passeio Público”, a exemplo de muitos outros espaços feitos com o mesmo objetivo, como os Passeios Públicos de Vila Bela, no Mato Grosso, Vila Boa de Goiás, Passeio Público do Rio de Janeiro e o de Salvador. Todos foram inspirados no Passeio Público doado para a cidade de Lisboa pelo Marquês de Pombal, em 1764.





            Alfredo D’Escragnolle Taunay – futuro Visconde de Taunay, presidente da província do Paraná na época, teve a iniciativa de resolver o problema de sanear e embelezar uma área alagadiça nas proximidades do Atalho da Graciosa para evitar a proliferação de doenças. Ildefonso Pereira Correia - Barão do Serro Azul e Francisco Fasce Fontana, empresários ervateiros, juntamente com a ajuda dos moradores da região deram início às obras. Francisco Fontana – futuro Comendador Fontana, a quem coube a direção dos trabalhos foi o primeiro administrador do Passeio. 





Em 1885, Alfredo Taunay, ficou bem impressionado com o serviço de saneamento que Fontana promoveu no terreno de sua mansão - o “Palacete das Rosas” e o convidou para a condução dos melhoramentos daquele que viria a ser o primeiro parque público de Curitiba. Fontana aceitou sabendo que o empreendimento traria benefícios para toda aquela região - que à época era conhecida como Glória, em função do Engenho da Glória, de sua propriedade. Delegou ao engenheiro italiano Lazzarini - que também trabalhou na estrada de ferro e na construção da Catedral, a tarefa de promover os melhoramentos no banhado. Ao lado do Passeio Público, o antigo Atalho da Graciosa também recebeu melhoramentos e passou a se chamar Boulevard 2 de Julho (posteriormente Avenida João Gualberto). 





    Em seu entorno foram instalados os mais exuberantes palacetes da era dos barões da erva-mate. De certa forma, o Passeio acabou valorizando a região que - ao lado do Batel, passou a reunir as residências dos cidadãos mais abastados da cidade, pois a linha de bonde iniciava no engenho do Barão do Serro Azul, no Batel, passava pelo centro da cidade e acabava em frente ao Engenho da Glória, alguns metros depois da entrada do Passeio. 






           O lindo portal construído na década de 1910, seguia as linhas arquitetônicas do portão do Cemitério dos Cães de Asnières, a noroeste da cidade de Paris, cujo desenho muito impressionara o engenheiro Cândido de Abreu, então prefeito de Curitiba. A réplica curitibana foi idealizada pelo arquiteto alemão radicado em Curitiba, Frederico Kirchgässner e foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná no ano de 1974. Compõe-se de um conjunto de três portões: o central, mais largo e mais alto, destinava-se ao tráfego de veículos e os laterais, à passagem de pedestres. Uma estrutura de alvenaria forma arabescos de desenho influenciado pelo movimento art nouveau. Os portões que guarnecem os vãos, são de ferro forjado com desenho inspirado em formas vegetais.



                                                      Foto Daniel Castellano



            Em julho de 1887 foram inaugurados lampiões a gasolina, doados pelo comércio e a indústria da cidade. No mesmo ano, pela primeira vez na noite curitibana brilhou a lâmpada incandescente de luz elétrica, em concorrida demonstração realizada pelo alemão Schewing que, auxiliado pelo engenheiro Lazzarini, instalou um gerador para informar à Província do mais novo prodígio da ciência moderna.





           O Passeio Público foi o primeiro zoológico da cidade até 1982, quando foi transferido para o Parque Iguaçu. Atualmente, o Passeio Público funciona como sede do Departamento de Proteção e Conservação da Fauna.

Também foi a primeira sede do Museu Botânico de Curitiba, fundado em 1965 e ali permanecendo até 1975, quando foi transferido para o Jardim Botânico.




           O Passeio Público, foi palco de fatos marcantes na vida cultural e no folclore curitibanos. Em maio de 1909, foi de dentro do parque que alçou voo no balão Granada, a espanhola Maria Alda. Após 34 minutos no ar e ao atingir a altura de 970 metros, o balão terminou o seu percurso pendurado em uma das torres da então Igreja Matriz, hoje Catedral de Curitiba. Maria Aída foi resgatada e aclamada pelo feito audacioso para a época.

Em agosto de 1911, na ilha, desde então, chamada de A Ilha da Ilusão, o simbolista Emiliano Perneta foi coroado "Príncipe dos Poetas Paranaenses", em referência ao seu livro de poemas “Ilusão”. 






No Passeio há diversas espécies da flora nativa e exótica. 




 
    Carvalhos, ciprestes, paineiras, plátanos, xaxins e jacarandás mimosos, abrigam sob suas copas sabiás, tico-ticos, canários-da-terra e majestosas garças brancas. Pica-paus, coleirinhas, chupins, sanhaços e pombos pousam nos galhos das araucárias, ipês, palmeiras, sibipirunas, guapuruvus e ingazeiros. Ilhas e pontes acrescentam mais beleza aos caminhos ladeados pelas grandes árvores.






A fauna tem destaque. Eros de Souza, que já chefiou o Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Prefeitura de Curitiba, explica que os animais são necessários, até para atrair a atenção dos visitantes.  Infelizmente muitas aves estão lá porque foram apreendidas por situações irregulares.

 





     Ele conta que o Passeio tem histórias curiosas, como a da gralha azul que visitava as “irmãs” que estavam no viveiro para se alimentar de pinhões dados por elas. O parque ainda serve de passagem para as garças durante o processo de migração. Normalmente, elas ficam no viveiro do pelicano, um dos recintos mais antigos. Outros viveiros abrigam urubus-reis, araras, tucanos, papagaios e flamingos. 





           Atualmente foi implantado o programa Jardins de Mel, com a colocação de colmeias de abelhas nativas em diversas árvores, a fim de intensificar a educação ambiental.




    A ponte pênsil, que liga a área central do parque à Ilha da Ilusão, feita em metal e com amarras, vem de um projeto inglês.





    O Passeio Público tem cinema ao ar livre que acontece no Coreto Digital com uma tela em 360° gigante e sistema de som. Exibe na sua programação sessões de filmes, concertos musicais, contação de estórias e mostra de artes visuais. 

 

                                                                        Foto Ricardo Marajó

No dia a dia, o Passeio Público é uma excelente opção para praticar exercícios na academia ao ar livre, como correr ou andar de bicicleta na ciclovia que contorna o parque. Para as crianças tem o playground com areia e brinquedos inclusivos.





            Passar algumas horas no Passeio Público é dedicar um novo olhar ao passado, alheios ao corre-corre do lado externo, desfrutar momentos de recolhimento com o canto alegre dos pássaros além de admirar a beleza verdejante e colorida intensa que invade nosso olhar e aquieta nossa alma.



                                                                                      Foto Daniel Castellano



                Íntegra da Palestra  -> https://youtu.be/3t6tzUEnpd8






terça-feira, 28 de junho de 2022

Plantas Daninhas

 

 

Karen Dessimoni Cartaxo Sprenger - Eng. Agrônoma

Palestra proferida no dia 31/05/2000

 

“Plantas daninhas são as plantas, de qualquer espécie, que estão no local errado.”

Podem ser espontâneas ou introduzidas de outros locais. Muitas delas podem ser utilizadas como indicadoras de condições do local.

Exercem efeitos alelopáticos positivos e negativos.

Exigem grande esforço para seu controle, sendo sua erradicação possível apenas em pequenas áreas, e não para todas as espécies. Algumas espécies são consideradas benéficas para o homem. Portanto, poderíamos chamá-las de PLANTAS INVASORAS, PLANTAS ESPONTÂNEAS, PLANTAS INDICADORAS, PLANTAS CURATIVAS.

 

MÉTODOS DE CONTROLE

Para o controle das plantas invasoras podemos utilizar um conjunto de medidas que devem ser sempre observados. CONTROLE PREVENTIVO

Evita a infestação de áreas limpas.

Na compra de sementes, verificar o grau de pureza;

Na hora do plantio de mudas fazer limpeza do torrão ou mesmo eliminar a terra toda dos jacás;

Evitar uso da mesma ferramenta em áreas infestadas e não infestadas, sem uma limpeza adequada;

Tomar cuidado com os calçados quando “visitar” áreas infestadas;

Cuidado redobrado com TERRA PRETA, COMPOSTO, HÚMUS;

As plantas ditas daninhas tem uma grande capacidade de adaptação e multiplicação, portanto, quando encontrar uma plantinha linda que você não conhece, coloque-a em quarentena antes de plantá-la em seu jardim.

Algumas plantas invasoras são benéficas, portanto não as elimine indiscriminadamente.

 

CONTROLE CULTURAL

Manter o solo sempre coberto, seja a cobertura viva ou morta;

Alterar o espaçamento de plantio, proporcionando o sombreamento do solo;

Realizar a limpeza das plantas antes de seu florescimento;

Evitar a colocação dessas plantas em composteiras, pois muitas delas se propagam por via vegetativa.

 

HÁBITO DAS PLANTAS INVASORAS A versatilidade dessas plantas é muito grande, assim podemos encontrar plantas anuais de verão ou inverno, bienais e perenes; 

herbáceas, subarbustivas, arbustivas, arbóreas, trepadeiras e epífitas; específicas de uma região ou disseminadas por todo o globo terrestre (tiririca); reprodução por sementes ou propagação vegetativa; terrestres ou aquáticas.

 

ALELOPATIA Ação de afetar outras plantas por meio de substâncias liberadas para o meio, pelas raízes ou qualquer outra parte da planta, podendo ser considerada uma ação indireta de uma planta sobre outra.

Esta ação pode ser positiva, estimulando a outra espécie, ou negativa, dificultando o desenvolvimento da outra espécie, podendo ocorrer da planta daninha para a planta cultivada ou vice-versa.

 

ENFERMEIRAS DO SOLO



Capim Barba de Bode (Aristida pallens) - típica de locais onde se utiliza fogo para a limpeza do terreno, evidencia pobreza em fósforo (P), cálcio (Ca) e potássio (K). Fazendo uma boa roçada, evitando- se o fogo e realizando adubação desaparece em um ano. 




 

Beldroega (Portulaca spp) - invasora de solos ricos, sem necessidade de controle pois normalmente não prejudica as plantas cultivadas e protege o solo.

 




Maria mole (Senecio brasiliensis) - é tóxica para o gado, evidenciando camada de solo adensada. Regride com adubação potássica e uso de plantas com raízes profundas.

 




Capim Rabo de Burro (Andropogon spp) - invasor de terras abandonadas, indica solos muito ácidos, baixo teor de cálcio e camada de compactação. Com uso de plantas de raiz profunda e correção do pH tende a desaparecer.

 




Carqueja (Baccharis sp) - preferem terrenos que encharcam na temporada de chuva e fiquem secos na estiagem. Indica solos pobres em molibdênio, serve como remédio para males do estômago, intestino e fígado (folhas estreitras)







            

Cravo de Defunto (Tagetes ereta e Tagetes minuta) - ocorre em solos com nematóides, alterando seu porte de acordo com as condições do solo.

 





Dente de Leão (Taraxacum officinalis) - indica presença de boro (B) no subsolo, suas folhas novas são comestíveis, sendo também medicinal.

 




Guanxuma (Sida spp) - invade terrenos com subsolo adensado ou solos erodidos, Em solos pobres se desenvolve pouco e em solos ricos desenvolve-se bem. Tem ação medicinal. 

 





Mentrasto (Agerathum conyizoides) - indica melhoramento do solo, sendo tomada como planta sanadora de solos decaídos, não prejudicando as culturas, sendo também medicinal. 

 





Nabiça (Raphanus raphanistrum) - indica carência de boro e manganês.

 




Papoula (Papaver spp) - indica solos ricos em cálcio. Samambaias - indicadoras de presença de alumínio, logo, pH

baixo.



 


Tanchagem (Plantago major) - prefere solos úmidos e tem propriedades medicinais.

 





Tiririca (Cyperus rotundus) - indica solos ácidos, adensados e temporariamente encharcados, vicejando em solos deficientes em magnésio. Sofre ação alelopática negativa do feijão de porco, sendo muito sensível ao sombreamento e não sofrendo com a ação dos herbicidas.



                                                            Boletim “O Regador” – n˚44