Palestra ministrada por Rogério Duílio Genari RF Orquídeas
Campo Largo, 6 de setembro de 2006
Para se obter um bom cultivo de orquídeas observe os fatores abaixo, que se encontram intimamente interligados, formando uma rede na qual cada membro é parte importante do complexo sistema orgânico-metabólico:
Luz, Ventilação, Umidade, Temperatura, Substrato e Nutrição.
LUZ: a quantidade de insolação é o fator determinante no crescimento de muitas espécies, pois a irradiação proveniente do SOL provoca a reação química na folha chamada de FOTOSSÍNTESE, que é a conversão de energia luminosa em energia química.
VENTILAÇÃO: passagem de ar (vento) entre as plantas e em toda a estrutura de produção. Devemos lembrar que as plantas que estão estabelecidas na natureza, após milhares de anos de adaptação, sempre recebendo ventos dia e noite, necessitam desta força da natureza para que possam manter suas folhas e raízes secas, pois ao contrário os fungos acabam por causar enormes danos às plantas. Portanto, é primordial que as orquídeas recebam uma boa ventilação, principalmente durante o dia, logo após a irrigação.
UMIDADE: como todo ser vivo, as orquídeas necessitam de água para as funções celulares, desta forma é necessário oferecer às plantas uma quantidade de água ideal. É muito importante também que se mantenha uma umidade relativa (UR) - umidade do ar em torno de 75% na estufa.
TEMPERATURA: as plantas, assim como os animais de sangue quente, adaptam-se com uma certa facilidade a diferentes amplitudes (diferença entre a mínima e máxima) de temperaturas. No entanto, existe um limite onde a planta começa a sentir estresse, diminuindo os seus processos fisiológicos ou até mesmo parando-os.
SUBSTRATO: é definido como todo e qualquer material que dê suporte às raízes de uma planta. As principais qualidades que o substrato deve ter são: porosidade - deve ser poroso, isto é, qualidade de absorver, reter e dissipar a água; inerte - não reagir com o adubo fornecido nem com outros insumos; estável - ser durável, não degradar rapidamente; limpo - não possuir resíduos de terra, excrementos, resinas ou outros produtos nocivos às plantas. Além dos requisitos acima, deve ser capaz de manter as raízes arejadas, ou seja: permitir a entrada e saída de ar. Adsorver (as partículas ficam retidas na parte externa) a água de irrigação. Ser de fácil obtenção e de material renovável, portanto, ecologicamente correto.
NUTRIÇÃO: na natureza, as plantas nutrem-se pela deposição de folhas mortas, fezes de animais, água que escorre pelas plantas suportes carregando nutrientes, pela decomposição do substrato, etc. Quando o cultivo é feito em vasos, com o uso de substratos específicos e se quer obter o máximo da planta, devemos adicionar alimentos para as orquídeas. Esses “alimentos” são o adubo químico ou orgânico utilizados.
A abordagem aqui será somente com adubação química, todavia, a composição de uma adubação orgânica deve seguir os preceitos da química. Os elementos químicos utilizados pelas plantas são divididos em duas partes, de acordo com as necessidades da mesma: Macronutrientes e Micronutrientes.
Macronutrientes
N – Nitrogênio: Formação das proteínas dos tecidos vegetais. Forma aminoácidos, enzimas, ácidos nucléicos, clorofila, alcaloides, entre outros.
A deficiência provoca o amarelecimento das folhas mais velhas sendo a clorose (as folhas não produzem clorofila suficiente) uniforme sobre toda a folha.
P – Fósforo: Estimula o desenvolvimento das raízes e aumenta o perfilhamento. Tem função estrutural, energética e de reserva.
A deficiência provoca manchas avermelhadas, em geral tornando-se marrons na região mediana da folha.
K – Potássio: É o elemento responsável pelo espessamento dos tecidos, conferindo às plantas maior resistência. Também está envolvido na manutenção do estado da água na planta, na abertura e fechamento dos estômatos.
A falta deste componente causa clorose internerval de folhas mais jovens, às vezes ocorrem lesões nas pontas das folhas.
Ca – Cálcio: Faz parte da parede celular das plantas, participa da manutenção da integridade celular e da permeabilidade da membrana, na germinação do grão de pólen e nas atividades de enzimas relacionadas à mitose, divisão e alongamento celular.
Os sintomas de sua deficiência são: paralisação do crescimento, folhas jovens muito pequenas, ainda pontas retorcidas e com aspecto de queimadas.
Mg - Magnésio: É o responsável pela captação de energia solar para formação de açúcares a partir do gás carbônico e água, que é a fotossíntese.
A deficiência provoca a clorose das folhas mais velhas, com inicio nas pontas das folhas; abscisão foliar.
S – Enxofre: Participa na formação das proteínas, sendo constituinte estrutural de várias coenzimas.
A falta de enxofre na adubação provoca clorose nas folhas mais novas, podendo pequenas partes no ápice das folhas permanecerem verdes.
Micronutrientes
B – Boro: Atua na migração dos carboidratos das folhas para os tecidos armazenadores (grãos, raízes, pseudobulbos,) importante na multiplicação e crescimento das células (crescimento meristemático).
0 sintoma típico da sua deficiência é o crescimento anormal do meristema, o qual toma-se necrótico em deficiências graves, devido a formação de fenóis
Cl – Cloro: Tem importante atuação na regulação da pressão osmótica da célula e na hidratação dos tecidos. Tem sido ainda apontado como elemento ativo na resistência que algumas culturas apresentam â infestação por doenças fúngicas.
Os sintomas por deficiência são pouco comuns. O excesso poderá causar amarelecimento, necrose das pontas.
Cu – Cobre: Ocorre em enzimas e participa da fotossíntese. Atua no transporte de carboidratos, na redução e fixação de nitrogênio e no metabolismo de proteínas.
Quando há deficiência deste elemento, as plantas apresentam: redução do crescimento, deformações das folhas jovens e necrose do meristema apical.
Fe – Ferro: Participação na síntese de clorofila e proteínas até sua influência no crescimento apical das raízes.
A deficiência por ferro manifesta-se, inicialmente, por uma clorose internerval seguida por uma clorose pálida, nas folhas jovens das plantas.
Mo – Molibdênio: Tem a função estrutural e catalítica de algumas enzimas, diretamente envolvido na reação oxido-redutora. É ainda necessário para a fixação biológica do nitrogênio.
Os sintomas de deficiência são semelhantes à falta do nitrogênio.
Zn – Zinco: E ativador de enzimas e participa na síntese do hormônio AIA.
A falta de zinco provoca clorose internerval nas folhas mais novas e baixa estatura da planta.
Mn – Manganês: Faz parte de enzimas e participa na formação de clorofila, aumentando a disponibilidade de fósforo e cálcio na planta.
Co – Cobalto: Essencial à fixação biológica do nitrogênio.
Na – Sódio: Necessário para algumas plantas de mangue ou de áreas litorâneas.
Algumas formulações que são utilizadas há tempos pelos orquidófilos e produtores.
Composição química – NPK
Atenção: todos devem conter micronutrientes.
30-10-10: Crescimento é a principal função. Devido a quantidade maior de N acaba por fazer com que a planta cresça em volume de massa verde e massa radicular.
10-10-10 ou 18-18-18 ou 20-20-20: Manutenção, enchimento: proporciona às plantas uma melhor concentração de sais, elevando a planta da categoria jovem para adulta. Ajuda a armazenar energia preparando a planta para a fase seguinte de desenvolvimento.
10-30-20: Florescimento e frutificação: adubo utilizado para proporcionar uma melhor floração e por consequência, melhores frutos.
Geralmente a concentração indicada é de 1 grama de soluto para 1 litro de água (1 g/l). Recomendamos que as adubações químicas sejam feitas a cada 15 dias, e que ocorra em pelo menos 3 irrigações no período.
Lembre-se que é melhor adubar as plantas pela manhã, pois deixando-as úmidas durante a noite ocorre uma maior proliferação de doenças fúngicas.
Boletim "O Regador" - nº 70.
Nota: Todas as orquídeas das fotos são cultivadas pelas Cejarteanas.
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