quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Paisagismo de Aquários

                            Palestrante: Wander Gomes do Nascimento Junior.

                                      Palestra ministrada dia 04 de abril/2001

 


A melhor maneira de se trabalhar o paisagismo de um aquário é partindo de elementos da natureza, pois a decoração, os materiais utilizados e a disposição dos mesmos influenciam no ecossistema. A melhor opção é sempre escolher um biótopo e a partir daí iniciar a escolha dos materiais e fazer um projeto da disposição dos mesmos no aquário. Tendo-se conhecimento da forma que o conjunto vai atuar na vida do peixe, pode-se usar a criatividade para se realizar um paisagismo até artístico.

O biótopo é um lugar ou região física que faz parte de um ecossistema e por assim dizer, é um pequeno mundo em si, caracterizando tanto as qualidades físicas, químicas e estéticas como os habitantes deste mundo. Com o biótipo escolhido, passa-se à reprodução das características do mesmo, para depois realizar um paisagismo agradável.

 


As plantas.

Quando o aquário tiver visibilidade de dois lados maiores ou de todos os lados, faremos esta disposição a partir do centro do mesmo, ou seja, as plantas maiores estarão dispostas no centro (centro esquerdo, central ou centro direito) e as menores mais próximas das bordas.

Deve-se tomar cuidado para não exagerar na variedade de plantas e sempre ter em mente se as espécies escolhidas são compatíveis entre si e se pertencem ao mesmo biótopo. Também é bom manter as espécies iguais em um grupo, dando efeito de uma moita, um bloco. Apesar de um aquário bem plantado ser extremamente agradável, é interessante preservar alguma clareira, pois este contraste traz mais amplitude ao visual.

Ainda pode-se fazer uso - em um local escolhido para tal, de uma planta principal isolada, não uma planta de grupo, deixando- a como um elemento de atração no aquário.

 


Rochas e Pedras.

As pedras são de alto efeito decorativo, tanto devido às diversas formas como às variadas cores. Deve-se, porém, ter em mente que pedras de origem calcária fazem o PH subir, o que é desejável em alguns ambientes.

Pedras com traços metálicos intoxicam o aquário; o ideal é adquiri-las em loja especializada em aquarismo bem-conceituada, ou apresentar a peça escolhida a alguém que tenha condições de avaliar seu efeito no ecossistema.

Como regra geral, as pedras não devem ter cantos afiados nem pontiagudos pois poderiam machucar um peixe agitado ou assustado, mesmo que este seja de um ambiente rico destes elementos. Existem peixes que não saberiam lidar com pedras e poderiam se machucar, levando-os até a morte, como o caso dos peixes discos. Pôr outro lado, os peixes do lago Malawi e do Tanganica, ambos na África, necessitam de muitas tocas em ambiente rochoso e extremamente alcalino. Quando se empilham rochas, estas devem estar muito bem encaixadas, se possível até colocadas com epóxi especial para aquários, evitando um grave acidente causado por um peixe curioso.

No caso de aquários marinhos de rochas vivas, estas deverão formar tocas, passagens e paredões. Isto pode ser conseguido com segurança utilizando-se o epóxi especial e abraçadeiras de nylon.

 

Troncos e Raízes

Os troncos submersos e raízes devem ser de madeira dura, preferencialmente cernes que já estiveram imersos por longo período. Mesmo assim devem ser, preferencialmente, fervidos várias vezes, trocando sempre a água de forma a reduzir a quantidade de corantes naturais neles existentes. De qualquer forma, sempre os troncos tendem a amarelar a água, o que é desejável em alguns casos (aquário com Neons, Ramirezi, Discos, etc.)

 

Meta Principal

Como todo material utilizado influencia o ambiente, temos de buscar em primeiro lugar num ecossistema estabilidade física - mantendo temperatura estável, fluxo e iluminação de acordo com a necessidade; mecânica - não permitindo que a queda de uma rocha ou tronco mate os habitantes e ainda quebre o vidro da cuba, química - PH, dureza, amônia, nitrito, densidade, etc. e biológica -  bactérias nitrobacter, nitrossomonas, etc. 

Não se pode esquecer que os vidros necessitarão de limpeza, portanto, deve ser esteticamente equilibrado e extremamente bonito, realmente agradável.

Quando fazemos a montagem das estruturas, devemos deixar corredores, tocas e clareiras para que os animais se sintam seguros e protegidos. Além do mais, esta disposição dá maior profundidade ao conjunto.

Como fonte de inspiração devemos escolher um biótopo, depois pesquisar as características do mesmo para, só então, planejarmos o paisagismo e os habitantes. Como exemplos posso citar os seguintes biótopos: Ribeiro Amazônico, Poça ácida da Amazônia, Rios rápidos do Zaire, Remansos do Sudoeste da Ásia, Rios do Sudeste da Ásia, Rio arenoso da Papua - Nova Guiné, Lago rochoso da América Central, Lago rochoso da África Oriental, Pântano das Planícies Aluviais da África Ocidental. Água salobra: Ribeiro da Costa da América Central, Manguezal da África Oriental, Estuário do sudeste da Ásia. Água salgada: Comunitário, Recife de Corais.

 

Para concluir:

Os materiais utilizados alteram as características da água e por isso devem ser corretamente escolhidos. 

Tamanho do aquário influencia no comportamento dos peixes bem como a disposição da decoração; sendo assim, há peixes certos para cada tipo de ambiente.

 

E inviável manter seres vivos em condições instáveis e fora de controle:

 

Melhor não tê-los!



                                                                     Boletim "O Regador" - nº 48.


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