terça-feira, 18 de julho de 2023

Dicas, Trocas e Truques - Temperos

         

            Palestrantes: Anna Zanatta, Vera Hungria, Zenaide Sanches.

                                                       Palestra ministrada em 27/agosto/2003    

    O brasileiro deve aos temperos o fato de entrar no mapa, pois foi por procurar novas rotas para especiarias que Pedro Álvares Cabral atracou em Porto Seguro, na Bahia, em 1500.

    Com esse começo, a riqueza de cheiros, sabores e cores da culinária nacional não poderia ser maior. Assim a variedade de temperos usados aqui pode ser encontrada como um livro de história, com um sabor especial. Houve períodos da história, onde exageros levaram comensais à intoxicação. Com o desenvolvimento da ciência e da química, o controle de qualidade passou a ser apontado como forma de elegância, sensibilidade e exaltação do sabor natural dos pratos.
O homem se vicia aos odores e isso o leva a emoção e prazer de sempre querer repetir. A memória do que se ama ou odeia na alimentação é aguçada pelos odores e cores dos pratos.




canela é um dos mais antigos temperos do mundo, comentado a Moisés pelo Senhor, conforme a citação em Êxodos, 30:20-26. 
Era queimada em cerimônias religiosas. Com origem no Sri Lanka, espalhou-se pelos locais de clima ameno até chegar ao Brasil.
Combinada com cravo, já era usada pelos antigos médicos como desinfetante e benéfico para o estômago, fígado e coração.





coentro já foi encontrado nas tumbas do Egito, durante a 21a Dinastia (1091 a 961 a.C.). Na Idade Média era considerado afrodisíaco, incorporado à dieta dos animais no período de procriação. Hoje faz parte de uma boa moqueca de peixe.






Contra o mau-olhado: Os alemães, judeus e poloneses trouxeram o 
cominho, o endro ou dillque aparecem nas broas de milho, licores, sopas, molhos e conservas. Nos casamentos na Alemanha Medieval, o cominho era misturado ao dill e sal, e era carregado no bolso dos noivos para espantar o mau-olhado. Também são fortificantes e rejuvenescedores.




O tempero mais caro do mundo é o açafrão. Chegou à Espanha pelos mouros no final do século VIII. A produção é restrita a Sicília, China, Grécia, Portugal e Espanha, onde é necessário 1 hectare (10.000 m2) para produzir 6 kg da especiaria, tomando-o o tempero mais caro do mundo.





gengibre que hoje perfuma o quentão e os pratos chineses à base de came, já foi encontrado em 2400 a.C., na ilha de Rodes, na Grécia. Já era citado nos diários de Marco Polo.





Curry
Resultado da mistura de especiarias exóticas um dos temperos mais apreciados do mundo. O autêntico curry, produzido no Ceilão ou na Malásia, leva até mesmo crustáceos e peixes como ingredientes, além da pimenta preta, cravo, canela, cominho, gengibre, sementes de mostarda e noz moscada.





Anis
: Com um perfume bastante marcante, a semente de anis é usada em bolos, pães, biscoitos e em bebidas especiais como licor ou café aromatizado.




Vinagre
: Durante muito tempo o vinagre não passou de um subproduto do vinho ou da cerveja.
Funciona como aromatizante de baixo teor de sódio e calorias. A maçã e o vinho são sua principal matéria prima, mas pode ser fabricado a partir de qualquer produto que permita fermentação alcoólica. Ainda há muitas dúvidas com relação às propriedades medicinais do produto, muito usado no tratamento de artrite e indigestão.





Tomilho
: Primo-irmão do orégano, da manjerona, da segurelha e do manjericão - que família prodigiosa essa das Labiadas! - o tomilho é uma espécie importante do vasto acervo de plantas aromáticas do Mediterrâneo. Os italianos são os que mais o apreciam, por ter sido o sul da Itália o grande berço dos tomilhos. Os europeus acreditam que existam cerca de 100 espécies. De sabor um pouco mais forte que o do orégano, o tomilho é resistente e cresce até entre rochas. Talvez por isso tenha sido associado à bravura e era também conhecido como a “erva dos fortes”. Seu nome científico é Thymus vulgaris, vem do grego thymon, ou coragem. Suas propriedades antissépticas eram conhecidas pelos egípcios, que o usavam no processo de mumifícação. Mais tarde começou a ser levado às batalhas para curar feridas. Os banhos energizantes com a erva foram populares até o século XIII. Há registros de que o Imperador Carlos Magno (742 - 814) ordenou seu cultivo nos jardins romanos, de modo que todos pudessem usufruir de tantas propriedades culinárias e medicinais. A erva seca entra na composição da “Herbes de Provence”.





Orégano
: Em qualquer cozinha brasileira se encontra o orégano. Influência dos italianos, que aprenderam com os gregos a usar essa erva mediterrânea. Seu nome científico Origanum vulgare vem de “oros y ganos” que quer dizer “alegria da montanha” em grego. Como portador da felicidade, da paz, frequentou jardins medievais e já naquela época perfumava vinhos e pães. É a erva mais famosa da família das Labiadas. Você pode cultivar o orégano até em uma jardineira que pegue sol por pelo menos 6 horas e cuidando para manter a terra úmida. Além das funções na cozinha, a fitoterapia reserva ao orégano espaço nobre entre as ervas com propriedades digestivas, antivirais e anti-inflamatórias. Quando colher seus ramos pendure-os de cabeça para baixo à sombra, por até 6 dias, depois tire as folhas e guarde em recipientes fechados.






Ainda temos muitos outros temperos, como a noz-moscada, o estragão, a páprica, mas isto vai ficar para uma próxima ocasião!
    
                                                                Boletim "O Regador" - nº 57
 

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