sábado, 19 de setembro de 2020

Orquidáceas - Fatores essenciais no seu cultivo

                         Palestra ministrada por Rogério Duílio Genari RF Orquídeas

                                                                Campo Largo, 6 de setembro de 2006

 


         Para se obter um bom cultivo de orquídeas observe os fatores abaixo, que se encontram intimamente interligados, formando uma rede na qual cada membro é parte importante do complexo sistema orgânico-metabólico: 

 

LuzVentilaçãoUmidadeTemperaturaSubstrato e Nutrição.


 

LUZ: a quantidade de insolação é o fator determinante no crescimento de muitas espécies, pois a irradiação proveniente do SOL provoca a reação química na folha chamada de FOTOSSÍNTESE, que é a conversão de energia luminosa em energia química.

 

VENTILAÇÃO: passagem de ar (vento) entre as plantas e em toda a estrutura de produção. Devemos lembrar que as plantas que estão estabelecidas na natureza, após milhares de anos de adaptação, sempre recebendo ventos dia e noite, necessitam desta força da natureza para que possam manter suas folhas e raízes secas, pois ao contrário os fungos acabam por causar enormes danos às plantas. Portanto, é primordial que as orquídeas recebam uma boa ventilação, principalmente durante o dia, logo após a irrigação.

 

UMIDADE: como todo ser vivo, as orquídeas necessitam de água para as funções celulares, desta forma é necessário oferecer às plantas uma quantidade de água ideal. É muito importante também que se mantenha uma umidade relativa (UR) - umidade do ar em torno de 75% na estufa.

 

TEMPERATURA: as plantas, assim como os animais de sangue quente, adaptam-se com uma certa facilidade a diferentes amplitudes (diferença entre a mínima e máxima) de temperaturas. No entanto, existe um limite onde a planta começa sentir estresse, diminuindo os seus processos fisiológicos ou até mesmo parando-os.

 

SUBSTRATO: é definido como todo e qualquer material que dê suporte às raízes de uma planta. As principais qualidades que o substrato deve ter são: porosidade - deve ser poroso, isto é, qualidade de absorverreter e dissipar a águainerte - não reagir com o adubo fornecido nem com outros insumos; estável - ser durável, não degradar rapidamente; limpo - não possuir resíduos de terraexcrementos, resinas ou outros produtos nocivos às plantasAlém dos requisitos acima, deve ser capaz de manter as raízes arejadas, ou seja: permitir a entrada e saída de ar. Adsorver (as partículas ficam retidas na parte externa) a água de irrigação. Ser de fácil obtenção e de material renovável, portanto, ecologicamente correto.

 

NUTRIÇÃO: na natureza, as plantas nutrem-se pela deposição de folhas mortas, fezes de animais, água que escorre pelas plantas suportes carregando nutrientes, pela decomposição do substrato, etc. Quando o cultivo é feito em vasos, com o uso de substratos específicos e se quer obter o máximo da planta, devemos adicionar alimentos para as orquídeas. Esses “alimentos” são o adubo químico ou orgânico utilizados.

         A abordagem aqui será somente com adubação química, todavia, a composição de uma adubação orgânica deve seguir os preceitos da química. Os elementos químicos utilizados pelas plantas são divididos em duas partes, de acordo com as necessidades da mesma: Macronutrientes e Micronutrientes.

 

Macronutrientes

 

N – Nitrogênio:   Formação das proteínas dos tecidos vegetais. Forma aminoácidos, enzimas, ácidos nucléicos, clorofila, alcaloides, entre outros.

A deficiência provoca o amarelecimento das folhas mais velhas sendo a clorose (as folhas não produzem clorofila suficienteuniforme sobre toda a folha.

 

P – Fósforo: Estimula o desenvolvimento das raízes e aumenta o perfilhamento. Tem função estrutural, energética e de reserva. 

A deficiência provoca manchas avermelhadas, em geral tornando-se marrons na região mediana da folha.


K – Potássio: É o elemento responsável pelo espessamento dos tecidos, conferindo às plantas maior resistência. Também está envolvido na manutenção do estado da água na planta, na abertura e fechamento dos estômatos. 

A falta deste componente causa clorose internerval de folhas mais jovens, às vezes ocorrem lesões nas pontas das folhas.

 

Ca – Cálcio: Faz parte da parede celular das plantas, participa da manutenção da integridade celular e da permeabilidade da membrana, na germinação do grão de pólen e nas atividades de enzimas relacionadas à mitose, divisão e alongamento celular.

Os sintomas de sua deficiência são: paralisação do crescimento, folhas jovens muito pequenas, ainda pontas retorcidas e com aspecto de queimadas.

 

Mg - Magnésio: É o responsável pela captação de energia solar para formação de açúcares a partir do gás carbônico e água, que é a fotossíntese.

A deficiência provoca a clorose das folhas mais velhas, com inicio nas pontas das folhas; abscisão foliar.

 

S – EnxofreParticipa na formação das proteínas, sendo constituinte estrutural de várias coenzimas. 

A falta de enxofre na adubação provoca clorose nas folhas mais novas, podendo pequenas partes no ápice das folhas permanecerem verdes.

 


Micronutrientes

 

B – Boro: Atua na migração dos carboidratos das folhas para os tecidos armazenadores (grãos, raízes, pseudobulbos,) importante na multiplicação e crescimento das células (crescimento meristemático).

0 sintoma típico da sua deficiência é o crescimento anormal do meristema, o qual toma-se necrótico em deficiências graves, devido a formação de fenóis

 

Cl – CloroTem importante atuação na regulação da pressão osmótica da célula e na hidratação dos tecidos. Tem sido ainda apontado como elemento ativo na resistência que algumas culturas apresentam â infestação por doenças fúngicas. 

Os sintomas por deficiência são pouco comuns. O excesso poderá causar amarelecimento, necrose das pontas.

 

Cu – CobreOcorre em enzimas e participa da fotossíntese. Atua no transporte de carboidratos, na redução e fixação de nitrogênio e no metabolismo de proteínas.

Quando há deficiência deste elemento, as plantas apresentam: redução do crescimento, deformações das folhas jovens e necrose do meristema apical.

 

Fe – FerroParticipação na síntese de clorofila e proteínas até sua influência no crescimento apical das raízes.

A deficiência por ferro manifesta-se, inicialmente, por uma clorose internerval seguida por uma clorose pálida, nas folhas jovens das plantas.

Mo – MolibdênioTem a função estrutural e catalítica de algumas enzimas, diretamente envolvido na reação oxido-redutora. É ainda necessário para a fixação biológica do nitrogênio.

Os sintomas de deficiência são semelhantes à falta do nitrogênio.

 

Zn – ZincoE ativador de enzimas e participa na síntese do hormônio AIA.

A falta de zinco provoca clorose internerval nas folhas mais novas e baixa estatura da planta.

 

Mn – ManganêsFaz parte de enzimas e participa na formação de clorofila, aumentando a disponibilidade de fósforo e cálcio na planta.

 

Co – Cobalto: Essencial à fixação biológica do nitrogênio.

 

Na – SódioNecessário para algumas plantas de mangue ou de áreas litorâneas.

 


Algumas formulações que são utilizadas há tempos pelos orquidófilos e produtores.


Composição química – NPK

Atenção: todos devem conter micronutrientes.

 

30-10-10Crescimento é a principal função. Devido a quantidade maior de N acaba por fazer com que a planta cresça em volume de massa verde e massa radicular.

 

10-10-10 ou 18-18-18 ou 20-20-20Manutenção, enchimento: proporciona às plantas uma melhor concentração de sais, elevando a planta da categoria jovem para adulta. Ajuda a armazenar energia preparando a planta para a fase seguinte de desenvolvimento.

 

10-30-20Florescimento e frutificação: adubo utilizado para proporcionar uma melhor floração e por consequência, melhores frutos.

 

Geralmente a concentração indicada é de 1 grama de soluto para 1 litro de água (1 g/l). Recomendamos que as adubações químicas sejam feitas a cada 15 dias, e que ocorra em pelo menos 3 irrigações no período.

Lembre-se que é melhor adubar as plantas pela manhã, pois deixando-as úmidas durante a noite ocorre uma maior proliferação de doenças fúngicas.

 

                                                                                   

                                                                               Boletim "O Regador" - nº 70.

 


Nota: Todas as orquídeas das fotos são cultivadas pelas Cejarteanas.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Rosas

   

Regina Moreira Rodrigues – Cejarteana

Palestra proferida em 24/05/2000

 

 

1. Origens e Evolução: Há uma ideia um tanto disseminada de que as roseiras são provenientes da China. Isto é verdade e também não é. É verdade porque a China é a região de origem de uma considerável variedade de tipos de roseiras. Mas a ideia pas­sa a ser enganosa quando se admite que a China seja a única fonte de origem das roseiras.

De fato: muito antes do homem existir sobre a face da Terra, as roseiras já eram habitantes do planeta. Com efeito, há registros que atestam a existência das roseiras há 35 milhões de anos atrás. E elas constituem uma espécie que habitava - e ainda habita as regiões que hoje conhecemos como Japão, China, Ásia Central, África do Norte, Europa e América do Norte.

            Não conhecemos registros arqueológicos de roseiras no hemis­fério Sul. Pode ser que com o tempo isto venha a ocorrer. Mas convém ter em mente que as massas de terra em clima temperado no hemisfério Sul são muito reduzidas comparadas com o Norte. Como se verifica, trata-se de uma espécie originária exclusiva­mente do hemisfério Norte, em suas regiões de clima temperado. As notícias registradas na história humana a respeito das rosas e roseiras, especialmente de seu cultivo e utilização pela humanidade, são bastante vagas e esparsas. São vagas porque somente apare­ceu uma classificação dos vegetais no século XVIII, com Linnaeus. E esparsas porque os registros perderam-se nos tempos.

            De toda a sorte, há registros de cultivo da planta nos últimos 2.000 anos que indicam que o cultivo, tal como a civilização, irra­diaram-se da Pérsia e Oriente Médio (Egito, etc.) para a Grécia, daí à Roma e assim para diante. Na Grécia antiga as rosas eram cultivadas e utilizadas mais no sentido de se fazerem óleos aromáticos e a poetisa Sappho (600 a.C.) já fazia referência às rosas como sendo as "Rainhas das Flores”.  Supõe-se que fosse uma variedade das Rosa Gallica (ver­melhas), originárias da região europeia. O historiador Herodotus, 150 anos após Sappho, faz referência aos jardins de Midas, nos quais havia rosas com 60 pétalas e um aroma mais doce do que tudo que havia no mundo. Num tratado sobre plantas, Theophrastus (300 a.C.) já registra a importância da poda e fala em flores com 100 pétalas. Figuras de rosas aparecem em várias moedas da antiguidade (Rodes, por exemplo), o que atesta a importância da flor naquela civilização.

            Os romanos, como todos sabem, foram herdeiros da civiliza­ção grega e assim também possuíam o hábito do cultivo da rosa. Consta que empregavam a rosa também como ornamento. Che­gavam a importar rosas da África do Norte, pois estas abriam mais cedo, oriundas de clima mais quente. Descobriram logo que regando as plantas com água aquecida (aquecimento do solo) fa­ziam desabrochar as flores antes. Com isso a África deixou de ser fonte de suprimento. Com o fim do Império Romano e o advento da Idade Média, os monastérios vieram a ser o centro de cultivo das rosas, que passa­ram a ser empregadas sem a extravagância dos tempos de Roma. mas principalmente para efeitos medicinais e tônicos vigorativos. Mas não podemos deixar de acreditar que se empregasse a rosa também para ornamentar altares e locais de oração, tamanho o significado desta flor na simbologia cristã e no Evangelho.

            O desenvolvimento decisivo do cultivo da rosa vem a partir do século XVIII, quando na Europa, começam-se a introduzir as ro­sas da China e a misturar com as europeias. A China vem a ser a região mais rica de variedades de rosas selvagens. Como tem uma civilização mais estável por mais tem­po, o cultivo da rosa era mais constante e estável naquela região. As rosas chinesas começam a chegar à Europa com profusão por volta do ano de 1750, oriundas de viveiros e “estufas” de Fa Tee, nos arredores da cidade de Canton (hoje Kwangchow), ao fundo da baia do rio Pearl (Hong Kong e Macau). Eram trazidas à Europa regularmente, através de pedidos comerciais como se faz hoje, sem maiores dificuldades.

            A grande vantagem das roseiras chinesas sobre as europeias é que davam flor em cada broto, ao passo que as europeias só no primeiro broto da estação e daí em frente os demais brotos eram cegos. Além do mais, as roseiras chinesas cresciam e mantinham-se em todas as estações, ao contrário das europeias, que só davam flores uma vez, como vimos - apenas no verão. Tanto assim que havia rosas chinesas apreciadíssimas pela regularidade de florações e quantidade. Dentre elas destacava- se a Old Blush, também denominada Monthly Rose ou Commom Blush China. Além do mais, as roseiras da China possuíam uma folhagem acetinada, iridescente e com vários matizes de cor, além de suas flores apresentarem um aroma complexo e delicado. Dessa finesse aromática estas rosas tiraram a denominação de “TEA SCENTED CHINA ROSES”, que mais tarde foi abreviada para tea roses, a origem das modernas Hybrid Tea Roses.

 


2. Roseiras Modernas: No início do século XVIII, havia na Europa basicamente três tipos de roseiras: Gallicas, as roseiras da antiguidade mais difundidas; Damasks, que eram gallicas mais esmaecidas e de crescimento arqueado e Albas, que formavam arbustos densos. Como já dissemos, davam flores somente no ve­rão, possuíam fragrância bem definida e suas cores eram verme­lha, branca e cor-de-rosa.

            Após a introdução das rosas chinesas e seu cruzamento com as europeias, aparecem os resultados mais exemplares, que são as denominadas Noisettes, Bourbons Portlands.

            Já no começo do século XIX aparecem as rosas perpétuas, assim denominadas pelas suas floradas continuas. Os cruza­mentos entre estes tipos, as Bourbons e as rosas de chá dão a variedade Hybrid Perpetual (Híbridas Perpétuas), com flores magníficas, o que faz por popularizar e difundir ainda mais as roseiras.

            Com o aprofundamento da influência das rosas chá e graças ao trabalho de viveiristas (hibridizadores e cultivadores) franceses e ingleses, fixa-se no final do século XIX a variedade Hybrid Tea, que será a de maior destaque no século XX, passando a ocupar o trono de rainha entre as rainhas.

            De inicio as híbridas de chá não possuíam cor amarela, pois as rosas europeias e chinesas não ostentavam essa coloração - algumas eram cor de abricot ou tons esmaecidos do amarelo, mas nada da cor amarela. Esta cor tão desejada foi encontra­da em roseiras oriundas da Pérsia, introduzidas na Europa por volta do ano de 1837. Eram as roseiras R. foetida, ou Austrian yellow, com flores de 5 pétalas, vindas da Turquia e do Afeganistão. Assim, no ano de 1900, como que para saudar o século XX, um hibridizador cultivador europeu, Joseph Pemet-Ducher, por acaso, conseguiu a primeira Híbrida de Chá amarela (cru­zamento de uma Híbrida Perpétua como a Persian Yellow) , que recebeu o sugestivo nome de “Solei! D’Or”.

            Daí para a frente, os avanços e os variados tipos de híbridas de chá não pararam de crescer, podendo ser apontados alguns desta­ques: 1867 (1 HT, La France, cor-de-rosa), 1900 (Solei! D'Or), 1912 (Ophélia), 1924 (Shot Silk), 1929 (Mrs.SamMcGredy), 1942 (Mine. Meilland ou Peace)1946 (Ena Hark ness), etc. 

            Dentre alguns dos mais notáveis viveiristas (breeders), pode­mos destacar: Francis Meilland (francês, criador da Peace e a quem se deve o fato dessa profissão ser reconhecida e os direitos de criação protegidos como direitos autorais), Wilhelm Kordes (alemão, Crinson Glory), Albert Norman (inglês, Ena Harkness), Sam Mc Gredy (irlandês, Picasso), Patrick Dickson (irlandês, Grandpa Dickson ou Irish Gold), Niels Poulsen (dinamarquês, Chinatown e introdutor das Floribundas por volta de 1924), Matias Tantau (alemão. Prima Ballerina, SuperStar, etc.), Reimer Kordes (alemão, filho do Wil., Peer Gynt), Herbert Swim (US, California, Sutters Gold), Louis Lens (belgaPascali), etc.

Além das hibridadas de chá, outras variedades hoje em dia muito disseminadas e aceitas: floribundas (HT mais polyanthas, com a variedade “florib. HT”), polyantha pompons, Wichuraiana Ramblers Climbers, Climbing sports de HT e de Florb., Climbing HT, Arbustivas, etc.

            Também há o interesse no cultivo de rosas antigas (anciennes)...

 

                                                           Boletim "O Regador" - nº 44.

 


Curiosidade: A Rosa na Política

Na Guerra das Rosas , de 1453 a 1487, a Casa de York - representada por uma rosa branca, travou uma luta contra a Casa de Lancaster - representada por uma rosa vermelha, pelo trono da Inglaterra. A paz finalmente chegou e as duas casas uniram-se quando Elizabeth de York casou com Henry Tudor, de Lancaster. A rosa Tudor, também conhecida como Rosa de York e Lancaster, tornou-se então o emblema da Inglaterra.



Cores das rosas e seus significados:

amarela: amor incondicional, lealdade, amizade, alegria e fraternidade

azul: amor profundo e espiritual, sentimento de transcendência e harmonia

branca: inocência, pureza, paz e humildade

champanhe: admiração, simpatia, elegância e graciosidade

rosa-escura: gratidão, delicadeza, afetividade e sensibilidade

rosa-clara: simpatia

vermelha: paixão, energia, determinação e força

laranja: entusiasmo, desejo, discernimento e foco

vermelho-amarelada: jovialidade

coral: imaginação e idealização

tons-pálidos: amizade

verde: esperança, vitalidade e equilíbrio

violeta: serenidade, autodomínio, dignidade, nobreza de caráter e conexão espiritual

pretas: separação, tristeza e luto 

cinzentas: passividade, frieza e racionalidade

 

Fontes: Rosas – Guia Prático, Editora Nobel

              www.greenmebrasil.com


NotaTodas as rosas das fotos são cultivadas pelas Cejarteanas.