segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Desejo (Victor Hugo)

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram  pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Nada tenho mais a te desejar.

Colaboração: Noemia Bonamin

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Saudação à Primavera

"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."
Que belo legado quanta sabedoria nos deixou a nossa poetisa Cecília Meireles!

“Primavera”

"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera."

Cecília Meireles

Passeando pelo Cejarte - Um ano de sede nova

Algumas fotos da sede nova, um ano após a inauguração.











Calliandra



Suculentas



Cattleya híbrida que passou todo o ciclo anual no Orquidário do Cejarte e lá floresceu!

Orquídea híbrida
floração: setembro
Local: Orquidário do Cejarte





sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tabebuia alba - Ipê-amarelo-graúdo


Até a lua lá no céu fica pálida diante dessa beleza! 

Produção de mudas
Tratos com a semente: os frutos devem ser coletados antes da deiscência, para evitar a perda de sementes. Após a coleta, os frutos devem ser postos em ambiente ventilado e a extração das sementes deve ser feita manualmente. A semeadura é feita com leve cobertura de terra, nos primeiros sete dias após a colheita, caso contrário, a germinação se reduz consideravelmente. Colocar as sementes para germinar logo que colhidas em canteiros ou em embalagens individuais contendo substrato organo-argiloso. Cobrí-las com fina camada de substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre de 5 a 10 dias. As sementes não possuem dormência, porém perdem rapidamente a capacidade de germinação, podendo-se manter sua viabilidade integral por até três meses em vidro fechado, em câmara fria.

Informações ambientais para o plantio
Local ideal: possui restrição com a presença de rede aérea de fiação elétrica na calçada.
Solo: Prefere solo moderadamente úmido.
Condições climáticas: é tolerante ao frio, porém sofre com geadas.

Manejo das árvores
Poda: necessita de frequentes podas de condução e dos galhos. Sua madeira apresenta boa cicatrização característica de todos os ipês.
Pragas: pode ser atacada por várias pragas, dentre elas, o Ceroplastes grandis (cochonilha), muito verificado na arborização de ruas de Curitiba nesta espécie.

Curiosidades
Tabebuia é o nome indígena da árvore Tabebuia uliginosa. O nome alba refere-se à coloração branca dos ramos novos e folhas, sendo uma característica dendrológica muito forte e separável dos outros ipês-amarelos.
A flor madura da espécie é comestível pelo homem, crua. A entrecasca possui propriedades diuréticas, com uso interno em infusão.
É flor símbolo nacional do Brasil.


Texto retirado do livro : Árvores de Rua de Curitiba - Cultivo e Manejo
autoras: Daniela Biondi e Michelle Althaus

Faxinal do Céu

Em 1974, a Copel (Empresa de energia elétrica do PR) destinou uma área de 10 hectares para a produção de mudas florestais, com a finalidade de recuperar as áreas degradadas em decorrência da construção da Usina Hidrelétrica de Foz do Areia, agora denominada UH Gov Bento Munhoz da Rocha Netto. Além de árvores, também foram inseridas frutíferas de clima temperado para fomento ao projeto de desenvolvimento agrícola e plantas ornamentais para utilização no canteiro de apoio à obra e vila residencial. Este espaço ficou conhecido inicialmente como Agrovila.
Após quatro anos, o projeto já contava com 14 hectares e caracterizou-se como um horto de produção de mudas florestais nativas e área de introdução de novas espécies, principalmente ornamentais exóticas de clima temperado. Em meados da década de 90, recebeu o nome de Horto Faxinal do Céu, com área superior a 40 hectares, incluindo uma reserva florestal nativa.
Com o crescente processo de melhorias na organização e manutenção das áreas de cultivo, incremento das coleções botânicas, seleção e conservação de plantas matrizes e ampliação significativa da área, passou a denominar-se Jardim Botânico Faxinal do Céu, consolidando sua vocação de preservação da flora local, pesquisa e produção de plantas nativas e das mais diversas regiões do planeta.

Nos dias 18, 19 e 20 de agosto de 2011, o Cejarte visitou o Jardim Botânico Faxinal do Céu. A visita foi enriquecida com a presença do Engenheiro Florestal Mario Torres, que guiou as cejarteanas contando a história de várias plantas ali colocadas. Nosso agradecimento ao Mario!!!