A asiática barléria se adaptou bem ao clima brasileiro e oferece flores roxas quase o ano todo
Por JANETE TIR
Fotos VALERIO ROMAHN
Em boa parte do ano, em especial na primavera e no verão, a floração da barléria (Barléria cristata) surge com suas pequenas trombetas azul-arroxeadas. O espetáculo de cores é apreciado também pelos beija-flores, que gostam muito essa herbácea com flores de até 7 cm de comprimento e 5cm de diâmetro com formato de cone.
Apesar de utilizada com bastante frequência em projetos paisagísticos, a barléria tem potencial para inovar no jardim. “A espécie costuma ser usada para formar maciços, ou seja, canteiros inteiros só com ela. Mas também é possível formar grandes grupos de barlérias topiadas em forma cilíndrica ou arredondada”, explica o engenheiro agrônomo e paisagista Mauro Barros. Nesse caso, um vaso solitário ou uma fileira de vasos dispostos em um caminho podem criar um curioso efeito ornamental.
O uso consagrado da barléria como cerca viva, tarefa que cumpre muito bem. Dependendo da concepção do jardim, ela pode ser até combinada com outras espécies de cores contrastantes e com alturas diferenciadas, como a *vedélia (Sphagneticol trilobata), por exemplo. Outro ponto importante: a barléria comporta-se bem sob sol pleno ou em meia-sombra.
Originária da Índia e do Sudeste da Ásia, a planta se adaptou muito bem às regiões tropicais e subtropicais do Brasil.
Na medicina popular asiática, as sementes da barléria são usadas como antídoto para mordidas de serpentes e suas raízes e folhas segundo a crença local, acalmam a tosse e reduzem inchaços quando usadas em compressas.
O nome científico Barléria é homenagem ao monge dominicano e biólogo francês Jacques Barrelier (1606-1673), que descreveu no livro Hortus Mundi ou Orbis botanicus, todas as espécies que recolheu durante suas viagens. Já o cristata significa que a flor, no formato de um cone, parece ter uma crista.
Como cultivar
O plantio da barléria é fácil, pois a espécie dispensa cuidados complicados. Mas, para que se desenvolva rapidamente, providencie solo com substrato bem solto e rico em matéria orgânica. Outro segredo é deixar as covas bem espaçosas. “Mudas pequenas exigem covas de 20 cm de diâmetro por 20 de profundidade. As maiores e mais formadas devem ser plantadas em covas com o dobro do tamanho. Seja qual for o caso, incorpore em cada cova um pouco de terra vegetal ou esterco de curral acrescido de 200 g de superfosfato simples ou farinha de agrícola Luis Bacher. A adubação de reforço deve ser feita com 100 g de NPK 10-10-10 a cada três meses na projeção da copa. Em seguida, regue bastante. E. como a barléria responde rapidamente, no primeiro ano já estará florida.
Após o plantio, o pegamento da planta demora pelo menos 45 dias. Nesse período, o solo deve ficar sempre úmido, mas sem encharcamento. Por isso, a quantidade de regas depende do clima na região em que a barléria for plantada. Se o local for muito quente e sem chuva, regue três vezes por semana. Caso contrário irrigue uma vez por semana ou quando o solo estiver seco. A barléria atinge até 1,20 m de altura e precisa de poda anual após cada florada. Depois que floresce, começam a surgir pequenos frutos que, quando secam, dão um aspecto ressecado e feio à planta. Por isso, explica a poda deve ser bem baixa já que a brotação nova é muito bonita e a planta fica mais cheia e mais decorativa”.
Não são comuns ataques de pragas, mas a barléria esporadicamente pode ser alvo de lagartas ou gafanhotos que devoram seus brotos. Isso pode ser resolvido com pulverizações de óleo de Neen a cada dois meses.
A barléria em detalhes:
Nome científico: barleria cristata
Nome populares: barléria, violeta-filipina e sino-azul
Família: acantáceas
Origem: Índia e sudeste da Ásia
Características: herbácea perene, bastante ramificada
Flores: abundantes na cor azul-violeta, com o formato que lembram trombetas
Folhas: verdes e ovalado-alongadas
Porte: de 0,90 a 1,20m
Luz: sol pleno e meia-sombra
Solo: substrato bem solto, rico em matéria orgânica e em covas bem espaçosas
Clima: tropical e subtropical
Regas: deixe o solo úmido, mas não encharcar
Podas: depois de cada florada
Adubação: 100 gramas de NPK 10-10-10 a cada três meses
Fonte: Revista Natureza – Edição 232, Editora Europa
*A vedélia é uma margaridinha nativa do litoral brasileiro, muito vistosa e rústica. A ramagem rasteira e ramificada apresenta folhas trilobadas de coloração verde-escura, que acentuam o contraste com as pequenas inflorescências completamente amarelas. Como outras flores da família Asteraceae, as flores verdadeiras são muito numerosas e se apresentam em capítulos solitários. A floração ocorre durante todo o ano. Devido ao seu comportamento estolonífero e rasteiro, é muito utilizada como forração, para proteger taludes e barrancos. Mas também pode embelezar canteiros e bordaduras, assim como vasos e jardineiras.
Fontes: www.jardineiro.net
Plantas para jardim no Brasil, Harri Lorenzi - Instituto Plantarum