terça-feira, 10 de novembro de 2020

Faxinal do Céu

 


                                   Revista O Regador Ano 01, nº01 Fev/Mar/Abr 2010

 

            Em cada edição, o Regador vai publicar artigos de especialistas sobre os mais diversos temas ligados à jardinagem. Nessa primeira, o convidado é o engenheiro florestal Mário Torres, integrante da Diretoria de Meio Ambiente e Cidadania Empresarial da Copel. Em sua estreia, ele fala sobre o bem-sucedido exemplo do Horto de Faxinal do Céu, onde o outono do hemisfério norte se faz presente, mesmo que em plena região Centro Sul do Paraná.



            Situada no terceiro planalto paranaense, distante 340 quilômetros de Curitiba, a vila de Faxinal do Céu destaca-se pela paisagem diferenciada repleta de córregos, lagos e araucárias (vegetação natural da região) e por abrigar uma grande coleção de plantas exóticas e ornamentais de diversos lugares do mundo, principalmente da Ásia e América do Norte. A ênfase é para as coníferas e folhosas caducifólias, numa área de 16 ha (160.000 m2) denominada Horto Faxinai do Céu.

            


    A história do lugar começou com a construção da maior usina da Copei em 1975, na região do médio Iguaçu, município de Pinhão, na época conhecida como Usina de Foz do Areia - atual Usina Hidrelétrica Gov. Bento Munhoz da Rocha Netto. Para abrigar os trabalhadores e suas famílias foi construída uma vila residencial, a quinze quilômetros do local da obra, em uma área típica de faxinai (mata rala com araucária, resultado da criação coletiva de várias espécies de animais domésticos).

Em Faxinai do Céu o clima temperado do terceiro planalto do sul do Brasil, com altitudes superiores a 1.100 m, favoreceu o crescimento e adaptação das espécies oriundas das regiões geladas do hemisfério norte.



    Caminhar pelos jardins do Horto é ainda mais bonito no outono, quando, predominam os tons de vermelho, rosa, laranja, amarelo e roxo.

A transformação de cores das folhas acontece em meados de abril e pode ser observada até final de junho. A alteração gradativa e imprevisível das cores das folhas do verde para os mais diversos matizes de amarelo, alaranjado, vermelho e roxo, é resultado da ação de três pigmentos: clorofila (verde), carotenóides (amarelo-laranja) e antocianina (açúcares - predominando os tons de vermelho-violeta).


    Com a chegada do outono os dias ficam mais curtos (diminui o fotoperíodo - tempo de luz disponível) e somados à menor intensidade dos raios solares a  atividade biológica das plantas diminui gradativamente até a morte das folhas causada pelo estrangulamento das suas bases, o que impede a passagem da seiva bruta. Nesse processo os pigmentos carotenóides e a antocianina permanecem nas folhas por mais tempo determinando sua coloração.