quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Dissertação sobre as flores chamadas compostas




                                    Palestrante: Cláudia Maria André Seixas

                                                Proferida em 11 de Outubro de 2000

 

As compostas são plantas muito conhecidas. São uma das mais numerosas da família das angiospermas (plantas que dão flores). O que muitos não sabem é que elas produzem 2 tipos de flores numa mesma inflorescência e nenhuma delas é reconhe­cida como tal pela maioria dos amadores. Eles tomam o conjun­to, tecnicamente denominado capítulo, como sendo a flor.

         Tomemos como exemplo a margarida: ela é formada por um grande número de florzinhas situadas no miolo e outras tan­tas nas pétalas. As primeiras são chamadas de flores do disco e as outras de flores do raio. Cada flor do disco possui anteras e ovários. Cada flor do raio possui em sua base um ovário, que pode ser funcional ou estéril. A flor composta permite uma re­produção altamente eficiente: uma abelha carregada de pólen pode, em segundos, polinizar muitíssimas flores do disco. As plan­tas que possuem essa peculiaridade (dois tipos de flores numa mesma inflorescência), constituem a família das compostas, que compreende em torno de 25 mil espécies encontradas no mundo inteiro, com exceção da Antártida.

Dentre as compostas podemos encontrar ervas medici­nais como a camomila e a artemísia; plantas alimentícias como a alface, a alcachofra e o girassol; plantas inseticidas como o “pyrethrum”; plantas ornamentais como as margaridas, crisân­temos, dálias e etc, e até plantas daninhas como dente de leão.

As compostas são encontradas na forma de ervas, arbus­tos, trepadeiras, algumas poucas árvores e raríssimas aquáticas.

Sobre o crisântemo pode-se destacar o seguinte: essa flor vinha sendo cultivada por jardineiros orientais há mais de dois mil anos, antes de chegar à Europa no século XVII. Nessa épo­ca o Oriente já produzia quase todos os tipos das treze categori­as existentes. Os japoneses veneravam essa flor como “A Rai­nha do Oriente”, e era emblema pessoal do imperador e de toda a nobreza. Botânicos europeus deram ao gênero o nome “Chrysanthemum”, que significa flor de ouro. Existem hoje mais de mil espécies, em dezenas de tonalidades.

Quanto ao girassol podemos dizer que foi e continua sen­do inspiração para poetas, músicos e decoradores. Foi a planta que inspirou Van Gogh a pintar um dos mais caros quadros do mundo: “Girassóis”.

Suas flores exuberantes pertencem ao gênero “Helianthus”, nome que significa “Flor do Sol”, talvez devido à sua forma de sol estilizado.

Além de planta ornamental, o girassol pode ser utilizado como alimento para o gado em geral na forma de silagem, na alimentação das aves (grãos), na indústria de cosméticos (cre­mes e perfumes) e também na alimentação humana.

A flor do girassol é muito valorizada pela indústria, princi­palmente a que produz óleo. O óleo de girassol é considerado

produto nobre por sua qualidade nutricional, que auxilia na redu­ção do colesterol sanguíneo. O girassol é também importante fonte de proteínas. No beneficiamento de uma tonelada de grãos obtém-se em média trezentos quilos de torta com 48% a 50% de proteínas.

Inicialmente utilizado pelos índios americanos como fonte ali­mentar, o girassol é hoje a quarta oleaginosa mais plantada no mundo.

Atualmente, em vários países, os floricultores cultivam va­riedades de girassóis com flores de 8 centímetros de diâmetro. Entre estas encontram-se flores bicolores, amarelas, laranjas, castanhas e marrons. As variedades altas podem ser usadas como cercas vivas provisórias, ao mesmo tempo em que forne­cem belas flores para composição de arranjos originais.

Curiosidade:

Todas as plantas, não apenas o girassol, se curvam de acordo com o movimento do sol, em maior ou menor grau. Esse fenômeno é conhecido como heliotropismo. Não só os raios so­lares, mas qualquer tipo de luz que incida sobre as plantas, ativam um hormônio de crescimento chamado ácido indolilacético (AIA), produzido pelas células jovens localizadas nas suas folhas.

Os raios de sol ao incidirem lateralmente, iluminam um dos lados da planta com maior intensidade estimulando assim sua maior produção de AIA. Por isso, um lado se desenvolverá mais. Tal crescimento desigual faz a planta pender para o lado contrário ao seu crescimento, na direção do sol. Já a flor propri­amente dita nada tem a ver com essa movimentação. Com o peso, ela se inclinará para o lado em que pender o caule. Ã noite, na ausência de luz para estimular o crescimento, a planta volta à sua posição normal.

 

                                         Boletim O Regador  46